quinta-feira, abril 28, 2005

Do not go quietly unto your grave

Listen young people I'm 74
And I plan to live 60 or 70 more
I've been all around I've done a few things
And I spent a few nights on the floor oh

Did everything wrong but I never got caught
So of course I would do it all over again
I surprised many people who'd written me off
Years ago now they're way underground

Nobody asked me but here's my advice
To a young man or woman who's living this life
In a world gone to hell where nobody's safe
Do not go quietly unto your grave

Learned a few tricks and I'll learn a few more
And I got enough bullets to fight a small war
Nobody asked me so here's my advice
To a young man or woman who's living this life
In a world gone to hell where nobody's safe
Do not go quietly unto your grave

Do not go quietly unto your grave

Do not go quietly unto your grave

(Mark Sandman - Morphine)

Música: Seis Bagatelas Op. 9 de Anton Webern.

terça-feira, abril 26, 2005

Planeta Terra

O nosso planeta, o planeta Terra, é muito mais que um chão. Adoro o conceito de planeta como uma unidade cósmica. Já foi um grande passo para o homem ter chegado a ele. Mas o mais interessante é notar a metáfora que a Terra é. A Terra é mãe e isso não é conversa fiada. Se a vida evoluiu na Terra, então a Terra é um molde, uma forma dos seres. Eu acredito na consistência das coisas. O interior mais profundo parece ser de material muito pesado e denso, inamovível. Um pouco mais à superfície esse material é gradualmente menos denso e menos pesado. Antes da crosta terrestre há material tumultuoso, que ferve. Muitos chamam-lhe Inferno. Depois à superfície há uma diversidade incrível de materiais e seres. Mais acima há a leveza e o céu. Vê-se sempre o Sol.
Quem não se rende à evidência de esta descrição ser a do próprio homem, então está mergulhado numa ilusão perigosa. Constrói-se dia a dia, complexificando-se e auto-admirando-se. Egoísta. Quanto a mim, esta descrição, ou estes traços, revelam-se no ser humano a várias dimensões: temporal, material, psicológica, entre outras. A simplicidade faz-me falta. Embora o mundo seja complexo, essa complexidade tem uma origem simples. É preciso ver o todo. Amanhã posso não pensar assim. Mas depois de amanhã posso voltar a pensar.

Música: Seis Bagatelas Op. 9 de Anton Webern.

quinta-feira, abril 14, 2005

milisegundos

... era uma noite perfeita. Estavas comigo, eu ia a guiar. Saímos para ver o corpo de Lisboa. O Tejo ajuda-nos a relativizar as coisas e a pensar na outra vida, que se estende por cima daquela que vivemos. Esse viver era o que eu mais queria. Pedia todos os dias para que acontecesse e, naquela noite, estava diante dessa realização. É uma sensação de aniquilamento onírico, em que o sonho toca tangencialmente a vida e ameaça continuamente ir embora. É como estar exactamente perpendicular ao fio da navalha... ela corta a primeira camada de pele, sem dor. Não vai mais fundo.

E só pensava em estar à altura daquilo. Daquela terra de ninguém no cimo da montanha. Media a todos os segundos a qualidade da vida toda que tive. Como podia reagir ao cair e como podia sustentar uma realidade engordada pelo sonho? Tudo era intenso e propositado. Até as beatas no chão, os candeeiros, as ruas, o próprio ar que respirava. A dúvida esfaqueava-me e eu ia deixando porque queria sentir o grande pulsar. Fiz uma troca com a dúvida. Estavas tão bonita. Era inevitável: qualquer sinal teu, voluntário ou involuntário, fosse respirar ou fosse dar um pequeno passo para aliviar as pernas paradas, fosse olhar-me, era mais que um mundo. Era magia de poeira imaterial.

sexta-feira, abril 08, 2005

Corpus

Hoje senti-me um estranho no meu próprio corpo. Massa que carrego pelo percurso sinuoso. Máquina admirável sem sentido. Ou talvez o sentido que lhe damos seja uma coisa que se gasta com o tempo. Renová-lo ou eliminá-lo? Eis a guerra esquizofrénica do ser.
Penso como pode ser possível a oscilação entre dois extremos não contíguos. O percurso é, de facto, o nada - líquido branco ou preto altamente solvente, que inunda a existência.

"Cuidado companheiro. A vida é p'ra valer. E não se engane não: tem uma só" (Vinicius de Moraes)

domingo, abril 03, 2005

Ribatejo, 1976


As coisas vão correr bem. Para ti e para mim.

sexta-feira, abril 01, 2005

Raio

Nuvens de cansaço e de dor que caem e chegam ao chão. Sementes que germinam no céu sem água para crescer. Há um raio de sol, um raio apenas.