quarta-feira, junho 29, 2005

Pleno

Não sei se gosto de cultura. Acho que prefiro essência.


Max Ernst - The Kiss

terça-feira, junho 28, 2005

Pulso

Dói-me o pulso. E no entanto o piano atrai-me.

Ao Dr. Júlio Machado Vaz

Esta mensagem é construtiva e não significa que não admire o Dr. Júlio Machado Vaz.

O problema do comportamento humano e a sua base genética tem uma solução simples. É uma questão de perspectiva. Um ou mais genes podem determinar a cor dos olhos, o tipo de pele - aí dizemos que o gene tem uma expressão inequívoca, constante e mensurável; mas outros genes podem (por hipótese) determinar características a nível do funcionamento cerebral como a criatividade, a capacidade de cálculo matemático, a tendência agressiva, a orientação sexual - estes "genes", ditos comportamentais, são os causam o problema.
Em primeiro lugar, é preciso saber se o comportamento que estamos a avaliar, por exemplo a tendência agressiva, é simples ou composto. É a tendência agressiva um efeito criado por dois ou mais comportamentos por hipótese determinados geneticamente? Ou será um comportamento elementar no sentido da definição de elemento de Lavoisier? Bom, depois de bem avaliado o comportamento, e se isso fôr exequível, surje outra questão: será que o comportamento (elementar) em causa é, num caso concreto, determinado geneticamente? Ou será fictício? Por exemplo, eu posso usar a criatividade para simular uma tendência agressiva se isso me trouxer algum proveito. E tudo isso pode acontecer sem que eu tenha o gene da tendência agressiva. Posso ter visto esse comportamento e tê-lo imitado usando a faculdade de memória e cálculo matemático. Resumindo, várias combinações podem existir para convergirem no mesmo efeito.

... E podia continuar a especular. O mais importante a reter (perdoe o tom pedagógico, mas é retórica) é que a perpectiva interessa. Só porque há comportamentos que não têm uma relação inequívoca com um ou mais genes, isso não quer dizer que esses comportamentos não sejam determinados geneticamente. O meio ambiente e social fornece estímulos, interage com o ser humano. Os genes dão faculdades para o percepcionar, analisar, e modificar/interactuar. Os genes são coisas tão elementares e no entanto produzem efeitos muito complexos. Não susbestime o gene só para defender um ponto de vista. Pior, para defender a sua actividade profissional. Um gene é tão simples que nem pode ser objecto de subestimação. Não mate e desvalorize um dos maiores progressos da humanidade. Não tenha medo do gene.
O homem é determinado geneticamente. Só que o determinado que é, não é o determinado em que está a pensar. O ser humano é a máquina mais fascinante e tão pouco (e já muito) se sabe sobre o seu cérebro. O ser humano funciona. Não é magia. Basta de medievalismos.

A mosca macho que está programada para tentar acalasar com uma fêmea deixa de o fazer ao fim de algumas tentativas porque pode fazê-lo. Esta faculdade é sem dúvida determinada geneticamente. O fenómeno tem, na genética, o nome de Indução.

Porque escrevi este post? Porque me apeteceu. E porque sou formado em Química Aplicada no ramo de Biotecnologia.

quarta-feira, junho 15, 2005

Uma minhoca pensa nisto

Há uma questão que me assola:

Só conseguimos imitar a aleatoridade mas nunca concretizá-la. Só conseguimos representar o aleatório mas nunca o podemos fazer acontecer... Algo se passa. Representar o aleatório é um acto não aleatório. Por isso penso que o mundo faz sentido... E não é aleatório. Há sempre a questão subjacente à primeira:

O aleatório pode existir no mundo. Mas esse facto tem uma raíz em nada aleatória. A aleatoriedade é a fonte de criatividade no mundo... Talvez o mundo seja um diálogo entre o aleatório e o direccionado.

domingo, junho 12, 2005

Espera

Talvez o Sol nasça daqui a pouco tempo. Ouço-o a mover-se pelo vácuo mas não descubro a sua direcção.

Música: Das wohltemperierte Clavier - Prelúdio nº1 em Dó maior (transposto para piano) de Johann Sebastian Bach (1685-1750).