Diálogo interno
- Outra vez 'às turras' com a vida. Dá a sensação que não aprendes nunca.
- A vida ensinou-me a lutar. É o que faço.
- Lutar por algo que vale mesmo a pena?
- Sim. Algo que vale mesmo, mesmo a pena. Algo que vale muito. Mais do que qualquer coisa imaginável. Algo que me liberta do feitiço lançado sobre todos nós: o estado de inutilidade.
- Noto uma preocupação com alguém que tenha lançado esse feitiço.
- Deus?
- Não sei. E não sei se esse feitiço não foi lançado por ti mesmo. Não sabes que nós é que contruímos a nossa vida?
- Sei, mas construímo-la com os restos que podemos apanhar. E isso irrita-me. Não podemos escolher os tijolos para o edifício. Escolhemos apenas o que resta da sorte. O que há disponível.
- Será?
- Talvez por isso a arte seja sempre reactiva. Odeio ter que me conformar com o que a vida me dá. E às vezes dá-me mesmo uma esmola.
- Mas então a vida fala contigo? Age sobre ti? Tu nunca ages sobre a vida? Não lhe exiges demasiado?
- Acredito no diálogo com a vida. Talvez seja um diálogo criado por mim, como este. Eu ajo sobre a vida; mas ela leva sempre a melhor. Em dias felizes o que pode acontecer é dar-me boleia. Mas nunca se entrega a mim. Bom, perdia o interesse em viver. Mas a questão é exactamente essa: porque é que a vida nos quer a viver?
- Para ela existir?
- Odeio ver o ser humano como escravo da vida. O homem mede-se pela sua revolta contra a vida.
- Mas precisa dela para a fazer.
- A vida ensinou-me a lutar. É o que faço.
- Lutar por algo que vale mesmo a pena?
- Sim. Algo que vale mesmo, mesmo a pena. Algo que vale muito. Mais do que qualquer coisa imaginável. Algo que me liberta do feitiço lançado sobre todos nós: o estado de inutilidade.
- Noto uma preocupação com alguém que tenha lançado esse feitiço.
- Deus?
- Não sei. E não sei se esse feitiço não foi lançado por ti mesmo. Não sabes que nós é que contruímos a nossa vida?
- Sei, mas construímo-la com os restos que podemos apanhar. E isso irrita-me. Não podemos escolher os tijolos para o edifício. Escolhemos apenas o que resta da sorte. O que há disponível.
- Será?
- Talvez por isso a arte seja sempre reactiva. Odeio ter que me conformar com o que a vida me dá. E às vezes dá-me mesmo uma esmola.
- Mas então a vida fala contigo? Age sobre ti? Tu nunca ages sobre a vida? Não lhe exiges demasiado?
- Acredito no diálogo com a vida. Talvez seja um diálogo criado por mim, como este. Eu ajo sobre a vida; mas ela leva sempre a melhor. Em dias felizes o que pode acontecer é dar-me boleia. Mas nunca se entrega a mim. Bom, perdia o interesse em viver. Mas a questão é exactamente essa: porque é que a vida nos quer a viver?
- Para ela existir?
- Odeio ver o ser humano como escravo da vida. O homem mede-se pela sua revolta contra a vida.
- Mas precisa dela para a fazer.