quinta-feira, setembro 20, 2007

Pele...

É triste constatar, mas, se calhar, fui mesmo feito para ficar sozinho. Aquele velho pesadelo. Aquele velho medo. Aquela velha impressão.
Sempre me enojou a estratégia no amor, e todos sabemos o quanto o amor deve à sua situação estratégica: à beira do precipício a empurrar os cegos sem piedade. Há que dizê-lo. Esses cegos são os que acreditam piamente que vão voar. É o sangue deles que alimenta os abutres, após o embate no chão da lucidez.

Odeio a selecção no mercado dos seres. O paradigma capitalista apoderou-se até disso e já não há ninguém com sucesso sem ter um marketing pessoal. Devo investir numa nova existência? Num novo passado? Numa nova pachorra? Não quero. Aceitarei ser um tipo odiável daqui para a frente. Deixem-me passar.

Dou por mim a aturar parvos para não ficar sozinho. A eles mostro simpatia e também no olhar uma pequena pista para a minha raiva. Autêntica. Pura.

Eu sei. Eu sei.

Ter-te na cama... Sem negócio.

Amanhã será amanhã e as horas serão horas. Dias não são dias.

Aquela sensação de fracasso no meio do sucesso. Aquela alegria ténue ensombrada pelo medo. São horas de ir para a cama. Outra vez vazia. Durmo em cima da renovação da minha pele.

1 Comments:

Blogger Margot said...

Às vezes questino-me do mesmo. Já não sei se me angustia. Já não sei o que é melhor.

10:09 da manhã  

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